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Foto do escritorMariana Macedo

Produtividade & Mão de Obra

A força de trabalho é o ativo mais valioso para um resultado eficiente em qualquer indústria, e se torna ainda mais relevante em indústrias menos mecanizadas, como a construção civil. Alguns fatores, próprios da comunidade moderna, como a globalização, a rápida taxa de urbanização e o crescimento populacional, exigem uma resposta eficiente da construção civil, em satisfazer necessidades básicas da população dos centros urbanos. Porém, ao analisar a indústria da construção civil e seus processos, percebe-se uma imensa dificuldade em oferecer uma resposta na velocidade em que se é exigida.


A primeira grande dificuldade reside no baixo índice de industrialização, e na hesitação do setor em se aprimorar tecnologicamente, a construção civil usa métodos produtivos de anos atrás, o que tem diversas causas, algumas delas discutidas no Episódio 02 realizada com o Fábio Gomes. Mas a sua consequência, é a dependência da força de trabalho humana. Sendo que, para atender a demanda que possuímos, é fundamental reduzir o uso intensivo de mão de obra através do aumento do grau de mecanização e industrialização dos processos construtivos.


Outro fator, dentre vários, que prejudica a capacidade de resposta do setor, é justamente a força de trabalho que se emprega atualmente. A Construção Civil é responsável por empregar pessoas com baixo nível de escolaridade e qualificação profissional, e hoje funciona, basicamente, como uma válvula para regular os problemas de emprego e subemprego nas áreas urbanas, uma vez que emprega 3,92 milhões de pessoas diretamente, chegando a 15 milhões de pessoas, se forem considerados os indiretos também. É evidente que a grande absorção de mão de obra pelo setor desempenha relevante contribuição para o desenvolvimento social do país. No entanto, vive-se hoje um ponto de inflexão.


Ao olhar para o futuro, vamos ter uma baixa na mão de obra básica, e isso está associado ao maior nível de escolaridade, a nova geração está pouco predisposta a ocupar cargos operacionais na construção civil, no trabalho doméstico e na agricultura. Ao mesmo tempo, a demanda do setor irá aumentar. Somado-se a isso, a cultura atual, enraizada na informalidade, que por sua vez leva a uma falta de incentivo de oferta de cursos técnicos, dentro e fora das empresas, aumentará a dificuldade do setor em se mecanizar. Considerando o baixo interesse da nova geração em assumir posições no setor em áreas básicas, é fundamental reduzir a rotatividade e qualificar os profissionais atuantes.


Esse cenário que a ICC (Indústria da Construção Civil) vive hoje, e seus dilemas, mostra que a força de trabalho humana, além de ser responsável pela qualidade do produto final é também o recurso mais complexo para se gerenciar em comparação com outros recursos necessários para a conclusão satisfatória de um projeto. Conduzindo a uma maior preocupação com o gerenciamento de recursos humanos, uma maior ênfase nos colaboradores, e suas relações.


Isso remete a uma frase de Peter Bjork, Vice Presidente da Skanska


Muito se discute sobre a redução de postos de trabalho associado às inovações tecnológicas. Ouve-se que a mecanização leva a pobreza humana frente ao desemprego tecnológico, uma vez que elas racionalizam os processos produtivos e aumentam a produtividade do trabalho, sem incremento na demanda de recursos humanos. Contudo, qualquer tecnologia só é capaz de oferecer um resultado apropriado, caso seja bem gerida e bem executada, e isso está associado ao fator humano. Até mesmo em indústrias com alto nível de mecanização, que chegaram a ter linhas de montagem 100% automatizadas, como na indústria automotiva, reconheceu-se que o fator humano é indispensável. A Mercedes Benz está substituindo robôs por pessoas em suas linhas de montagem. Será que mecanização e uso de novas tecnologias irão substituir a mão de obra e gerar desemprego? Ou será que elas irão dignificar a condição humana dentro de postos de trabalho e garantir uma maior consideração com o colaborador?


A construção civil, possui uma série de peculiaridades, especialmente no Brasil, como seu alto nível de personalização, sua grande importância no que diz respeito ao desenvolvimento social do país, fragmentação da cadeia produtiva e processo produtivo nômade, que torna a automação completa impossível, além de indesejada. O grande desafio que temos em mãos hoje, não é sobre produtividade vs. mão de obra, e sim produtividade & mão de obra.


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